A estiagem prolongada que afeta o estado desde 2019 e se acentuou no último trimestre está comprometendo a safra de verão e acendendo alerta junto ao setor. A falta de chuva regular prejudica todas as culturas verão.
Só em relação à soja, carro chefe da safra de verão, o prejuízo inicial estimado na região supera R$ 1 bilhão, segundo levantamento das regionais de Apucarana e Ivaiporã da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). Em todo estado, as perdas com a safra de verão são estimadas preliminarmente em R$ 24 bilhões.
As perdas variam de acordo com o estágio das culturas. Na regional da Seab de Apucarana, que abrange 13 municípios, o Departamento de Economia Rural (Deral) estima uma quebra de 15% nas lavouras de soja, prejuízo avaliado em R$ 188,5 milhões. São 126 mil hectares plantados na safra de verão.
A produção inicialmente estimada em 466,2 mil toneladas caiu para 397,5 mil toneladas.Segundo o técnico da Seab local, Adriano Nunomura, as chuvas dos últimos dias foram irregulares e há regiões mais afetadas que outras.
“O soja encontra-se cerca de metade das áreas em frutificação e metade em floração e nas lavouras beneficiadas pelas chuvas da semana passada, as plantas estão se recuperando dentro do possível. Mas estamos há mais de 40 dias sem a ocorrência de chuvas gerais e volumosas, havendo municípios em que, devido ao déficit hídrico, a situação é mais crítica”, comenta.
Regional de Ivaiporã
Na regional da Seab de Ivaiporã, que tem como área de abrangência 15 municípios, as principais culturas de verão, soja e milho, vem sofrendo com o impacto da estiagem de mais de 60 dias. Em novembro e dezembro, as chuvas na região foram muito abaixo da média, houve apenas algumas pancadas de chuva, e a distribuição foi irregular e em pequenos volumes.
No município de Ivaiporã, por exemplo, em novembro as precipitações foram de 19, 8 mm, em dezembro 11 mm. Em 2020, foram 110 mm. em novembro e 216 mm. no mês de dezembro.
Segundo o engenheiro agrônomo Randolfo Oliveira, do Departamento de Economia Rural (Deral) do Escritório Regional de Seab de Ivaiporã, com a seca a soja começa a perder produtividade.
“Por enquanto estimamos redução de rendimento de 40 a 45%. Dependendo da distribuição das chuvas nas próximas duas semanas, pode haver recuperação das plantas que estão em fase de desenvolvimento e floração. Caso não chova, as precipitações continuem poucas e irregulares, que não consegue repor a unidade mínima do solo, aí vai se perder bastante”.
As plantas mais afetadas pelas perdas até o momento são as que foram semeadas mais cedo. No momento, 25% da área plantada se encontra fase desenvolvimento do grão, 40% em fase de floração e 35% em fase de desenvolvimento vegetativo.
Na regional a soja foi semeada em área de 171 mil hectares. Na região a média histórica de produção é de 155 sacas de 60 quilos por hectares. Com o tempo normal, a estimativa era de que fossem colhidos 652.800 toneladas de soja. Com a estiagem a estimativa é que sejam colhidas 359.040 ton. Considerando os preços atuais de R$ 166,30 a saca, caso as previsões se confirmem as perdas serão de R$ 814,2 milhões.
Segundo Vitória Maria Montenegro Holzmann, chefe do Núcleo Regional da Seab de Ivaiporã, por conta da seca, os munícipios da regional já estão se mobilizando e podem decretarem situação de emergência.
“É uma situação bastante complicada, as previsões de perdas são enormes tanto com a soja como nas lavouras de milho. As prefeituras estão fazendo os levantamentos e a maior parte dos 15 municípios da regional acredito que devem decretar a situação de emergência”.
Milho
Com relação ao milho primeira safra, o agrônomo Randolfo estima redução de produção de 60% na regional de Ivaiporã. “O milho ficou mais prejudicado, já entrou em fase reprodutiva, a planta secou e não tem mais recuperação”, diz Oliveira.
Além da soja e milho outras culturas como café e pastagem sofrem os impactos com a seca. “Com as pastagens secas os pecuaristas já sentiram uma redução na produção de leite de 25%. O café a preocupação é futura, porque teve o problema da geada e agora mais essa seca”, completou Oliveira. O milho primeira safra tem área plantada de 5 mil hectares.