A mudança no clima têm afetado significativamente os produtores rurais na região trazendo perdas em várias culturas. De acordo com o agrônomo Sérgio Carlos Empinotti, do Departamento de Economia Rural (DERAL) da Seab de Ivaiporã, a recente estiagem prolongada, por exemplo, causou prejuízos expressivos, especialmente em culturas como trigo e milho, cuja redução de produção já está praticamente consolidada.
Além disso, os efeitos climáticos subsequentes, como queimadas e geadas, podem afetar ainda mais a agricultura da região. Empinotti destacou que, após a colheita, as condições climáticas adversas devem impactar ainda mais, particularmente as pastagens, que podem sofrer com a falta de chuvas.
No caso das hortaliças e frutas, houve uma melhora na produção abundante, incentivada pela floração provocada por um veranico anterior. No entanto, uma geada recente afetou parte dessa produção, embora o impacto não tenha sido tão severo quanto em outras culturas. “Mesmo assim, esses problemas já começa a refletir no mercado consumidor, especialmente em hortaliças e frutas, sinalizando que os efeitos adversos ainda serão sentidos no futuro próximo”.
Carlos Eduardo dos Santos, médico veterinário e agricultor de Jardim Alegre que planta soja e trigo em uma área de 50 alqueires, destaca os desafios enfrentados pelo setor agrícola na região nos últimos anos devido às condições climáticas extremas.
Carlos, que recentemente plantou trigo, descreve a situação como repetitiva nos últimos três anos. “As intempéries, sejam elas secas prolongadas ou chuvas intensas, têm sido constantes. Em outubro do ano passado, por exemplo, enfrentamos um período de chuvas excessivas, inclusive com granizo, o que obrigou muitos agricultores a replantar suas lavouras. O calor intenso que veio logo depois, junto com a baixa umidade, prejudicou ainda mais as plantas”, afirmou.
Segundo o agricultor, neste ano, por exemplo, o plantio de trigo, apesar de ter começado bem, foi comprometido por uma nova estiagem, resultando em baixa produtividade. “A falta de perfilhamento e a geada recente que atingiu a região comprometeram ainda mais a qualidade do trigo, que já é uma cultura difícil para nós”, acrescentou.
Na área pecuária, Carlos relata que as geadas também afetaram as poucas áreas de pastagem que restaram na região, prejudicando ainda mais os agropecuaristas. “O que restou de pasto acabou morrendo com a geada, complicando a situação para aqueles que dependem da pastagem até a chegada da primavera”, disse.
Sobre as estratégias para minimizar as perdas, Carlos sugere a otimização dos recursos disponíveis. “A estratégia hoje é dinamizar os recursos, utilizar os equipamentos de forma eficiente, fazer parcerias com os vizinhos e reduzir os custos fixos. Os insumos já são muito caros, então precisamos encontrar maneiras de investir menos sem comprometer a produtividade”, explicou.
Ele ainda mencionou que a irrigação, embora ainda não seja uma realidade na região devido aos altos custos, pode se tornar uma alternativa viável no futuro, especialmente em áreas onde o clima se mostra mais severo.
Procurando soluções
Diante das adversidades enfrentadas nos últimos anos, Marcos Kruzel, junto com seus dois filhos Matheus Eduardo e Rafael, que possuem um sítio em Jardim Alegre, passaram a apostar no plantio protegido e recentemente construiu duas estufas para o cultivo de tomates, garantindo assim a subsistência da família. “Sempre plantamos soja, trigo e milho, mas nos últimos anos, tivemos muitos prejuízos com a lavoura aberta devido ao clima destemperado. Não conseguimos mais produzir de forma eficiente”, relatou Matheus.
“Aqui, não temos problema com a falta de água. Temos uma mina protegida e, até agora, nunca precisamos usar a água do córrego”, destacou Matheus, reforçando que a estabilidade do abastecimento é um diferencial para o sucesso da nova empreitada.
A família diz que, por enquanto, deve continuar com a cultura tradicional, mas pretende expandir, diversificando ainda mais suas atividades e fortalecendo a economia da família.